terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

O CASTELO E O CORREGEDOR

Vamos deixar bem claro. Qualquer cidadão pode possuir um castelo. Uns são bonitos, como o castelo do barão Smith de Vasconcellos, avô de Marta Suplicy, castelo renascentista localizado em Itaipava, no Estado do Rio.
(O projeto, vejam só, é do pai da moderna arquitetura brasileira, Lucio Costa.)
Outros são muito feios, como este do corregedor da Câmara, deputado Edmar Moreira, localizado em São João Nepomuceno (MG).
Crime contra o bom-gosto ainda não está capitulado no Código Penal. O direito de ser brega é garantido pela Constituição.
Mas não se trata disso. O nobre parlamentar foi eleito corregedor da Câmara, isto é, aquele deputado encarregado de zelar pelo decoro parlamentar, pelo bom comportamento de seus colegas.
Edmar Moreira (DEM-MG) notabilizou-se por ter votado sistematicamente contra a cassação dos envolvidos no escândalo do mensalão, quando era membro do Conselho de Ética da Câmara.
Isto lhe valeu a gratidão do PT. Tanto que os petistas votaram em massa em Edmar Moreira para segundo vice-presidente da Câmara. O novo líder do PT na Câmara, deputado Candido Vacarezza é um de seus principais defensores.
Repetindo o presidente Lula no caso do mensalão, Vacarezza afirma que declarar um imóvel ao imposto de renda por um valor muito menor “é o que se faz sempre”.
Enquanto o corregedor é defendido pelo PT, seu partido, o Democratas, quer que ele renuncie à segunda vice-presidência da Câmara. Afinal, Edmar Moreira foi candidato avulso, pois o DEM apoiava Vic Pires Franco (PA).
O partido decidiu mesmo levar o caso do corregedor à sua comissão de ética. Nota do partido “repele e considera incompatível com o rigor ético do partido as declarações de Edmar Moreira”.
Muito bem. O partido está de parabéns.
Pena que não tenha tomado nenhuma providência quando um dos seus, o então deputado mineiro Roberto Brant, reconheceu ter recebido dinheiro do mensalão e, julgado na Câmara, incitou os deputados a desprezar a opinião pública, a seguir em frente e a confiar apenas no povo.
(Tremendo preconceito. Como se o povo mais simples, menos informado, pudesse ser enganado por qualquer malandro.)
E foi absolvido em plenário.
O resultado é o que se vê. Os nobres parlamentares escancararam geral: são lobistas pagando contas, bois voadores, mensaleiros confessos reeleitos, gente processada pelo Supremo Tribunal Federal desfilando nos salões como grande autoridade, e o Congresso cada dia mais desmoralizado – se é que isto é possível.
No final, cabe uma pergunta. A quem interessa a completa desmoralização do Congresso Nacional?

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