domingo, 31 de janeiro de 2010

ELEIÇÕES 2010

Onde tem eleição, tem financiamento de campanha. E onde tem financiamento de campanha tem encrenca.
Eleição é um evento caro. E está cada vez mais caro.
Evidentemente, não ter eleição é mais caro ainda. Nós, brasileiros, pagamos caríssimo durante a ditadura por não poder eleger nem presidente nem governador. Mas em todos os países democráticos, uma eleição exige recursos vultosos. É aí que entram as propostas de financiamento público, como forma de diminuir a interferência do poder econômico, o caixa 2, os “recursos não contabilizados”, como dizia o meigo ex-tesoureiro do PT e do mensalão, Delúbio Soares. O financiamento público teria ainda o condão de equilibrar a disputa, diminuindo a distância entre candidaturas ricas e candidaturas pobres. Este raciocínio comporta algumas observações. Primeiro, no Brasil já se pratica um tipo de financiamento público, porque todo mundo sabe que o mais caro numa campanha é a produção para TV e rádio. Parcela importante dessa despesa não recai sobre a campanha do candidato, já que existe o famoso “horário eleitoral gratuito”. Gratuito para eles, porque os eleitores é que pagam através dos impostos. Segundo, o financiamento público não elimina o caixa 2. Na Alemanha, onde o financiamento é exclusivamente público, o ex-chanceler Helmutt Kohl (primeiro-ministro entre 1982 e 1998) foi apanhado com a boca na botija, tendo recebido dinheiro de caixa 2 para sua campanha eleitoral. Em Israel, o filho do primeiro-ministro foi preso também por receber recursos do caixa 2 para a campanha de papai. O que parece ser mais adequado é uma combinação de regras adotadas em vários países. Proibição de doação de pessoas jurídicas, como acontece nos Estados Unidos, limita também a influência de doleiros, empreiteiras, bancos e outros doadores notórios. Doações pela internet, com total publicidade, também pode ser uma forma de coibir as ilicitudes. Em suma, há várias maneiras de se aperfeiçoar o mecanismo de doações para campanhas eleitorais. Certamente, doações ocultas para partidos que depois distribuem para os candidatos, como forma de manter no anonimato o doador, ou ainda financiamento público, mais um imposto para sugar o sofrido salário dos brasileiros, não estão entre as melhores maneiras de se financiar uma campanha.